domingo, junho 07, 2020

Canta
Canta logo pois a noite é vinda e eu não quero sozinha procurar os sons.
Garrafas quebradas jogadas na trilha sempre me cortam e eu até gostava.
Não mais.


Rompe
Rompe os limites e ousa rasgar meu avesso mas não fale meu nome nem o escreva no seu diário dourado. Inventa-me como as outras.
Sou amiga do vento


Rasga
Rasga o vestido preto desgastado pela economia no preço barato da sedução. Meu corpo antigo nu, amolece nos giros e assim segue por noites.
No sol, dormir

Amolece
Amolece minhas travas deslizando na ferrugem, sem quebrar. Muda a marcha e me leva adiante. Se no caminho eu não te quiser mais, direi não e ainda assim será bom.
Muito bom.


Trava
Trava essa honestidade convincente e as mentiras que terás que inventar e tira rápido os meus sapatos bonitos enquanto dirige. Me beija o pescoço, faça o impossível.
I need some satisfaction!


Inventa
Inventa uma estrada que nunca existirá e se arrisque sem falas alongadas. Quero as músicas arranhando no refrão, sem medo de ser ou não ser aquela que nunca soubemos de cor.
Solfejar


Arrisque
Arrisque, arranhe e chega. De todos os blefes o mais confortável sempre foi o de ser anônima, sem nenhum corpo na minha assinatura, apesar dos rastros.
Você nunca existiu e eu não existo.
Então me leva,
Apenas hoje



Pedras Palavras



Escrevo Pedras
Pedras palavras
Pontiagudas 
me encontram acústica

Escrevo duro fazendo barulho

Provoco sons e silêncios
com escrita dura e ar
Escrevo e jogo 
As vezes aguardo o som riscado no destino 

A voo e a queda
levam a força do meu corpo  
que em segundos podem 
me desaparecer

Ouço furar os rios, mares
O estilhaço das folhas secas,  
o encontro dramático com 
outra pedra

As faço rasgar o tempo,
as ilusões

Você escreve poemas
Eu escrevo pedras 
Na maioria das vezes,
ilegíveis letras
esculpidas no bruto das sensações

Me faço pedra, calcário e falo
Um pedaço de tonteira na beira do rio

que por vezes rolando, para em pé
como um grito,
como um pena.

Com pedras se pode brincar
Com pedras se pode cantar
Silenciar num grito 
palavras construídas com
meu líquido antigo

Com o barro, 
cato o construo que sinto e faço
São o que são as pedras 
Pedraspalavras
que escrevo por mim,
para ti e partir












sábado, maio 30, 2020

ARTE
de fazer colares e contas

O fio vai colecionando contas
coloridas, sonoras, ásperas, lisas
Contas do tempo que não se deixa medir
mas que numa certa hora,
conta.

Conta uma história rara que não está
em nenhum livro ou nas pinturas das salas
Também não se ouvem nas teclas do piano de pinho brocado,
Não enfeitam pescoço algum.
Contas que somam uma vida.

A vida por um fio
que um dia terá unido uma ponta a outra
esvaziando o carretel,
como um velha senhora pegando a mão
da criança mais próxima.
Um raro colar pendurado no tempo,
enfeitando histórias
que juntaram contas
no fio de duas pontas
em um
eu

domingo, maio 24, 2020

Meu chão

O assoalho de madeira dominou toda a paisagem do meu sonho como se fosse saltar dos olhos pisando nele. 
Zonza, percebi que era o chão da minha infância. Casa.  
Cadê a mãe, o pai, o irmão, a vó, tias, vizinhos?   
Esfreguei os olhos e só via chão mas percebi que todos estavam em algum canto da casa tomando cuba libre, jogando pôquer, buraco, bobes no cabelo, quebrando o pescoço da galinha que vai ser afogada no molho pardo, perto da porta com arruda e Comigo-ninguém-pode ao lado do copo virgem com água, alho e carvão. 
Molduras com retratos, retratos e mais retratos que são eternos como as manchas coloridas no avental branco na beira do fogão e as bonecas nuas de cabelos tesourados em meio as bolas de gude rolando e pipas no papel de seda e cerol.
Lá num outro canto da casa, a oficina de trabalho descansa até seguirem para o armarinho de meus pais junto com os pompons de lã, botões e cintos a serem forrados com tecidos floridos, secando na cola de michelim mastigada às escondidas pelos meus dois anos, até a segunda-feira, quando o trabalho continua. 
Música passando nos domingos pelas janelas e portas do entra e sai das gentes amigas chegadas da feira na Rocinha com queijos coalho, manteiga e temperos nordestinos refletidos na tela da televisão cheia filmes musicais com piscinas e sereias além dos duelos de arma no deserto e roupas imundas com torcida garantida. 
    Os retângulos mesclados do chão voltam a chamar minha atenção: ninguém vem rezar comigo na beira da cama nem contar histórias para um sono que nunca tenho e a sensação de solidão, mesmo no meio de tanta festa vai subindo em mim junto com as estrelas. 
Os tacos começam a sumir e sei que só os verei quando acordar as lembranças ou num outro sonho cheio de odores e sons. 
Quando tudo desembaça, sinto o gosto do hálito dormido e da lágrima correndo na face me acordando de vez. 
Desperto sem saber nem querer estar onde estou. A visita daquele assoalho amarelado cheio de arranhões que conheço de cor é mais um decalque no álbum dos guardados da minha lembrança.
 Acordei nos olhos e continuo a achar o despertar do sono algo tão difícil quanto adormecer. Diariamente muito difícil.

quarta-feira, abril 08, 2020

Vamos Viver
com toda poética
de alguém tão vidro
como nós

Vamos sonhar o novo ar

Abrir o sol e os cabelos
Desembolar a tensão dos fios
Desejo imenso de girar

Riscar na face um sorriso largo
Deixar a boca dançar desejos
e com a ponta da língua voar

Mas é preciso abrir as janelas,
abrir os olhos e o chorar
No sereno de tantos domingos,
sereno vai nos cantar

Vamos Viver 
por todas as frestas
Madeira, sol e luar
Sorrir vida da noite ao dia

Vida Continuar

quarta-feira, setembro 10, 2008

Um coração que pulsa
não repulsa a vida
Sangra-a de adrenalina.

quinta-feira, abril 03, 2008

PIANO FORTE!

Piano pianoforte

Toque denso sem pudor
Teclas batucadas na acústica dos dedos,
fios repuxados da madeira em baixos grandiosos, elétricas guitarras, baterias de sons em harmonia histriônica, 

sopros e sopros e sopros

Me toque em piano

Enquanto não gritam os relógios avisando a chegada eufórica das línguas.

as emoções da fanfarra surda.

Guarda-me no teu corpo de Ipê e toca-me,

ressonando o som das matas e raios limpos de onde vies-te

Piano pianoforte 
Quando leve, pianíssima sou


sexta-feira, janeiro 04, 2008

JACA

JACA
madeira frondosa
se expande


JACA 
pesada flutua
no galho

JACA
leve espatifa
no chão

JACA 
é fruta de forma
incerta
Moça de peso e de
gosto

JACA

quinta-feira, julho 05, 2007

Poética. Poeta, não eu!

NÃO SOU, NÃO VOU SER POETA.

Sou poética, levianamente e sinceramente poética.

Não tem jeito com o meu desajeito.
Vou escoando vidas e mortes a cada segundo
sem saber o que fazer com tanta alma.

Vou me perdendo mais do que me encontrando.
Choro pelo Rio de Janeiro, por São Paulo, pelo Agreste....
Choro e me acorrento como qualquer idiota.
Máquina de pensamentos com ações hipotônicas.

Mas hei-de reaver o foice em minhas mãos e,
acariciarei a terra,
plantarei,
lutarei e
passarei o frio do ferro no teu rosto para te estimular
poesia viva.

terça-feira, junho 19, 2007

Repetida

Pedra preciosa,
me entreguei como um bem
a ser dado de presente.
Volto à tona
obviamente desgastada,
expelida.

Não sou eu o bem maior de
ninguém

nem de nada.

Sou eu própria meu desejo e

o bem que
me ilude.
Em repetido homicídio ,
suicidei-me
no outro
algumas vezes.

quinta-feira, junho 14, 2007

Para MARKO

Estou te seguindo nas ruas,
a céu aberto como
uma penumbra alada
a te proteger
sem lhe tocar.
A lhe soprar no ouvido
por onde andam as
pernas nuas

da moça,
a arruaça dos corações,
destravando os feitiços
que possam te encolher.
E como bailarina felina,
vivo no nada,
elo vago
infindo no
vão

quinta-feira, maio 24, 2007

Observo de longe a moça
que escreve,
que passa o tempo tilintando
palavras no vento.

Conhece a ressonância,
sente a física do universo.
Se tranforma em causa,
tal qual um raio.
Em efeito,
tal qual a chuva.
E brilha solar nas luas
dos viajantes.

Quer se aprender
com olho do cego,
sem se reter alma.
Quer (se) conhecer,
sem definir quem
ou "o quê"!

Essa moça que passeia,
vem de longe na minha casa,
furando o
meu telhado com seu
suspiro.

Eu senti,
e ri!
Ela passa por aqui
vagueando da África a
Botafogo, a...,
coletando pó de mentes
e estrelas encolhidas.


Para Lúcia G.

quarta-feira, maio 23, 2007

Rimbaud:
"...o poeta é um vidente..."

das profecias da dor,
das profecias do amor,
das profecias das
liras
sem palavras.
Das profecias
em furor.

segunda-feira, maio 07, 2007


Quando meu coração bate acelarado,




descongelando,

rebentando meu peito
feito uma peixeira desatada,
fico felíz com o rasgão na minha pele pois você
está grudado em mim e
dá risada da batucada no meu corpo.
Te mostro, com pouco pudor que ele pula com a nossa presença;
trama, teia cardíaca.
Me domina então,
ao invés do medo,
a vontade de dançar,
de te abraçar mais e mais e mais...
E sorrio.
É melhor do que o vinho!



Foto de Marcel Fernandes
marcelfernandes.multiply.com

domingo, abril 15, 2007

FOTO DE PAULO INOCCÊNCIO
A culpa
no copo,
o cálice
na cova,
a cúpula
no corpo,
a cópula na carne
a carícia consagra!

E as crianças clamam
contínuamente,
calando a carnavalha
dos nossos corações.

Concedo mas,
cultivarei a culpa no copo, o cálice na cova, a cúpula, a cópula... , o nosso carnaval!

terça-feira, abril 10, 2007

Por mais que te pendurem como judas,
por mais que tenhas dado pauladas nos
armados e porradeiros como tu,
por mais que continuem te sufocando
com tanta culpa em erros compartilhados
e
apesar da tua reclusa opção
clamando um outro caminho,
eu te chamo,
eu te chamo,
eu te chamo pois
o tempo da morte,
para os vivos
nunca houve!

segunda-feira, março 26, 2007

"A SEDE DA ALMA É FISILOLÓGICA"




"Há muitos e muitos anos, os homens acreditam que a pelve tem um importância muito especial e vital. (A palavra SACRO significa osso sagrado.) É o local fisiológico dos fatores emocionais pessoais ligados à satisfação sexual e à fertilidade. A antiga fisiologica tântrica indiana reconhecia a pelve como a área que conservava a energia fundamental, a sede do fabuloso Kundalini. Havia e ainda há, seitas que consideram, o plexo nervoso relacionado ao sacro, como a sede da alma. Hoje, da mesma forma que há dois mil anos, os homens consideram-na fundamental para o bem-estar do indivíduo. " É por volta da articulação sacro-lombar que encontramos o
CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO.






CUIDEMOS DE NOSSA SACRO ALMA


Maristela Trindade
(terapeuta e preparadora corporal)
9111 1092 e 2527 4871

TRAGO EM MINHA BACIA
O TIMBRE DO DEVIR
EM ESTADO TONAL
COM POTÊNCIA NAGUAL

DOU PRECISÃO AOS OSSOS
E CONCLAMO A INTUIÇÃO
ANCESTRAL
O PENSAMENTO NA
MIRA DA AÇÃO.

NADA MAIS SE FAZ
NECESSÁRIO:
MEU CENTRO,
MINHA GRAVIDADE,
SACRO SANTA REALIDADE.



segunda-feira, março 19, 2007



Para DANMAGRÃO e DUPERÊ


Eu fui lá no blog d'ôces mas está dando frog na hora de comentar!
Comentar comentário comentatório
que a vida é só andar mesmo com os pés paradinhos

e vejo vocês de longe com sal e carinho
na ponta da silenciosa língua minha que não é muito chegada a doce
- mas ao chocolate!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

e fica uma vontade de mordiscar vôces...
Meu apetite abriu asas pra linha debaixo do equador,
aonde não tem gente amargor.
Eu mesma, dor já não sinto pois me acostumo depois de tantos anos
a ser quem sou-mutação.

Nem dor, nem rancor,
Só cor!
Cor do naríz do palhaço pererê que gosta de boldo porq gosta de mato e batuca triângulo!
Cor nos flashs mitológicos das Amandas apaixonadas e do Cristo Maravilha Sétima Contemporânea,
gravado num doce abraço do suvacoDan entubado no youtube!
Eu, youtube vocês,
compreendendo o tempo relativo dos meninos de vento,
desatentos e antenados
para o umbigo e o mundo
e digo forte e claro
COMO GOSTO DOS DOIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Beijos,
carinho e mutia falação com emoção

Maris

quinta-feira, março 08, 2007

Por uma NOVA ANTIGA MODERNA SENSÍVEL PRÁTICA INTUITIVA....Mulher!


“Quebro a cara toda hora. Mas só me arrependo do que deixei de fazer
por preconceito, problema e neurose.”
(Leila Diniz)













Viver, intensamente, é você chorar, rir, sofrer,participar das coisas, achar a verdade nas coisas que faz.

Encontrar em cada gesto da vida o sentido exato para que acredite nele e o sinta intensamente.

(Leila Diniz)


Rita Lee

Isadora Duncan



Luz del Fuego

(Rita Lee)

Eu hoje represento a loucura
Mais o que você quiser
Tudo que você vê sair da boca
De uma grande mulher
Porém louca!

Eu hoje represento o segredo
Enrolado no papel
Como Luz del Fuego
Não tinha medo
Ela também foi pro céu, cedo!

Eu hoje represento uma fruta
Pode ser até maçã
Não, não é pecado,
Só um convite
Venha me ver amanhã
Mesmo!

Amanhã! Amanhã! Amanhã!...

Eu hoje represento o folclore
Enrustido no metrô
Da grande cidade que está com pressa
De saber onde eu vou
Sem essa!

Eu hoje represento a cigarra
Que ainda vai cantar
Nesse formigueiro quem tem ouvidos
Vai poder escutar
Meu grito!

Eu hoje represento a pergunta
Na barriga da mamãe
E quem morre hoje, nasce um dia
Pra viver amanhã
E sempre!



I-Ging, "O regresso. O tempo de mudanças." O princípio do regresso é um princípio básico de um antiquíssimo pensar matriarcal. Uma cultura da paz não pode deixar de recordar-se das fontes matriarcais.Que estas teses contribuam para que uma força revolucionária silenciosa cresca nas mulheres, um orgulho e uma determinação revolucionária para um agir político específicamente feminino, que imperturbávelmente luta por esta vida. Especialmente importante para nós é uma nova relação a este espaço da existência terrestre, e nos recordamos de forma nova da origem da matéria, da Magna Mater. Estas teses também foram escritas para homens. Mais ou menos todos fomos por vezes homens por vezs mulheres na história. Procuramos a libertação do pensar e do agir feminino neste planeta, e a reintegração do lado feminino em todos nós. Que os homens nos apoiem neste nosso novo passo e que vejam a libertação que - também para eles - está nisto, por que tantas coisas dependem da cooperação certa entre homens e mulheres.
por Sabine Lichtenfels

Winnie Mandela




Elza Soares por Mário Luíz Thompson

eu sei: sem água, crianças, homens, animais, plantas e planetas......
Nunca seremos felízes sós!

Foto de João Saboia


quarta-feira, março 07, 2007

Barrigassssssssssssssssssssss

Olha bem pra essa barriga que está dentro da barriga do mar
que reflete as luzes temperadas da barriga do céu

e diz se você não está dentro de uma coisa parecida,
meio que dormindo,
meio que acordado,
meio que em dissipada leveza dentro de tanto água....

...percebendo ser pequeno e único
a ponto
dos malfazejos do mundo
andarem depressa demais para o teu tempo
tão embrionário.

Você constata que está envelhecendo na barriga do universo
podendo ser abandonado,
acariciado,
mal amado,
compreendido,
mal entendido,
orfão,
beijado
ou até
assassinado...!

E aí
vem um bandido que te enche da luz roubada de todas as escuridões
pra
que você flameje quiném vela acendendo,
tendo o umbigo bem alimentado de tudo que é bom e mal
sentindo-se em casa,
flutuando no nada,
sem nem querer saber
quem é que te amou ou não!

E os outros são Los otros.
No mundo em que tu transitas o que
vale é o despertar,
nem que seja para incomodar!
Incomodar muito porq do útero,
se pode tudo.
Tudo que a luz te dá.





domingo, março 04, 2007

Pés



Nossos pés, nossa caminhada!

"Pés: o primeiro desafio
O equilíbrio do corpo começa nos pés, pois o trabalho básico do pé e do tornozelo é oferecer uma base confiável pela qual a parte superior do corpo possa se relacionar com o plano horizontal da terra. Só trazendo-se a paz "do solo para cima", os problemas da parte superior do corpo podem ser compreendidos."

Ida P. Rolfing


Só larga o sapato quem sabe andar descalço!
De toda a beleza de certos pés,
tenho aquela só minha que se planta no chão,
parte a parte me estimulando a seguir
por qualquer estrada,
mesmo que áspera,
mesmo em diáspora,
mesmo dançando
só.

Maristela Trindade
(Terapeuta e preparadora Corporal)

quinta-feira, março 01, 2007

BANANAS

Me aperta no peito ver as bananeiras morrerem por descaso,
fruto do amor colonizado e vingativo deixado pelas NAUS
sem bússulas nessa terra.
Para tal, é preciso reaprender a amar e
DESARMAR!
Tantos tipos de armas espalhadas!
Amor-faca, amor em castas diluídas nos pandeiros,
como uma banana mal comida, com carne e casca apodrecendo no chão.
Nossa abundância rejeitada!

Mas pra que serve a culpa costumeira, que de criativa e revolucionária nada tem?
O operário da arte vê.
Não se satisfaz no prazer estético final e segue jogando sua alma em movimento nas obras que compõem.
Ele vê o mundo por necessidade de ser transformado, transformador e transformação.
ELE COME BANANA.

Vê o abandono da planta e das gentes em cada esquina com o mesmo ímpeto com que atenta para o inesperado do mar e se remexe,
se complica e se aplica em trabalhar no grito do silêncio que pode vir a ser palavra, ou não.
Aperta nele a insitência de querer se relacionar, mesmo sem saber o "como dizer"
Compartilhar bananas!

O amor não reciclado, seca.
A ferida seca. Os olhos secam. Secam alguns vivos em suas razões congeladas.
Mas antes da inevitável morte, saltam aos olhos o humano e o desumano nas labirínticas ruas cheias de crianças assassinas,
cheiradas, mal amadas, não educadas, de pais espancadores,
desempregados,
machismos femininos e masculinos, jovens putas sem opção,
votação para a pena de morte e presídios como referência para a criação
da nova marginalidade.

A visão desse operário anda colada na carne, esbarrando nas insistentes microfísicas de poder, com martelo em riste. Os "...podres poderes"
Estão por aí os juízes da inquisição, limpando as ruas seja pelo Pan, seja pela prática mórbida de caçar bruxos entre aqueles que conseguem viver de lixo, plantas, restos de BANANAS e outros calangos.
Sobrevivência, amor e arte.

Pseudos de todos os tipos com tapa-olhos de avião, tirem os tampões!
É indecente ver banabeiras morrerem e transformarem esse país numa terra sem opção que
não dá educação,
não dá educação,
não dá educação para as nossas crianças !

Tenho cortes internos que gosto por serem meus.
Me ferem como ferem todas as feridas.
Eu os curo com BANANAS.
Muitas bananas.
Nossa abundância.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007



Quando,
de súbito o computador se torna uma chatice,
o blog parece um frog e eu, sem nenhum pique pra pular teclados...
Abro a caixa de emails e sinto um grande tédio observando esse correio
sem selo, saliva, com algumas atrações especiais e desejo ir pra rua! AH, se essa rua fôsse minha!
Quando vários blogs se tornam lindos e interessantes, um "ticket to ride" mas o que eu quero mesmo é uma carona inesperada surgida não sei de onde para donde... Talvez, dentro de uma história qualquer!
Quando um ciclo se renova e a casa, o corpo, a comida, quase todos os hábitos
e os hálitos
modernos e inteligentes devem ser parte da mudança...

Rogo por uma leveza mais antiguinha,
com cheiro de planta que a Fernanda Young
detestaria.

Quando a poeira no computador não atrái a limpeza diária,
não vale uma carta,

um poema de amor,
uma doação qualquer...

Hora do café.

Quando o "quando" que quero se revela num blues voando pela casa,
numa especiaria, num vinho lua
ou no cansaço praiano, com um livro adormecendo em cima do meu corpo estirado no sofá até...

Até que chega a hora da inquietação me bater e eu começar a escrever sem noção do que é bom ou mal
afinal,
escrever é tão normal!
Tão normal quanto ir ao cinema, chorar ou sorrir, desmanchar o namoro, dormir com alguém sem previsão da semana que vem!

Escrever é tão normal que
não quero mais entalar os artigos definidos pra ficar
por dentro das exprssões e fora das minhas conecções.

O "A", o " AS", bando do fluxo de palavras-vitais
desenhando corpos com idéias, réplicas das anatomias mortas dos livros.
Os vivos, nunca experimentei em nanquim.

Escrever e esquecer definitivamente de querer ser brilhante e brilhar com o reflexo solar na folha branca.
Tô entediada mas não quero morrer, não quero matar, não quero saber dos
malfazejos
dos amores que eram eternos, mesmo os dos amigos mais sinceros
e
armados.
Aturar as chatices, os exageros, as distrações e até meu poder
de sedução - correndo um infanto-risco constante!
Um circo levemente perfumado com essência masculina e óbvio jeito de mulher.

Pra que nesse momento,
saber tanto de tudo,
do tudo que se quer!
Escrever o "quando"
se é tarde
e estou cansada no tempo,
quase sonhando?!
Tô quase ...
Quase "quando"

sábado, fevereiro 17, 2007

NAIRA

Ontem, eu a toquei como de costume. Do superficial ao superficialmente
profundo. Afinal são 92 anos de pés no chão nesse mundo. Me suscita
carinhosa cautela.
As raízes são tão visíveis, como uma escultura mutante mas já positivamente
terminada.
Respeitando sua pele e executando meu costumeiro ofício de aliviar dores e
reconstruir corpos para caminhos mais leves,
ouvi sua vóz balbuciando palavras com tranquila segurança.
Conversamos sobre o hoje e o ontem.
Nessa fase da vida, esse tipo de comparação é estranha, quase inútil.
"Aconteceu na vida o que tinha que acontecer e assim, continuará."
Um doce pragmatismo de quem não enrijece músculos por qualquer coisa como os
jovens adultos no auge de suas vidas.
Mas eis que no meio da nossa conversa, surge uma doce lembrança específica,
qualificada, que valeu à pena ficar viva dentro dela pelo seu diferencial.
Minha bela lembrou-se do amado. Anos de convivência com um homem que, entre
outras, saía a pular carnaval enquanto ela sorria vendo-o ir, esperando sua
chegada no quarto dia, sorrindo com o sorriso do folião.
Assim parece ter sido o tempo que juntos passaram e que valiam aquelas
lágrimas que lhe corriam o rosto enquanto eu tocava seus pés, por um homem
que já se foi há trinta anos.
Ela lacrimejava sua felicidade como que num delicado agradecimento por estar
viva e poder trazer consigo, intacta, a viva memória de um amor que ainda a
habita e me fez calar, como se esse amor de dois, fosse agora meu também.

Maristela Trindade

Ana "Claudinha" Calomeni - www.inverdades.weblogger.terra.com.br -
me desafiou com o maior carinho, pedindo um texto com o tema "Delicadeza", para blogar na revista virtual coletiva BANGA - banga.zip.net//. Um mix do povo Rio com Sampa que dá o maior samba, prontos para as positives conections. Fui, fiz e deu nesse carinho por uma jovem... Agradeço pelo estimulo de escrever através dos "mistério da Delicadeza" , nesses tempo duros.
É quase um desafio mas, vindo da fonte certa, vem "facinho"!
Obrigada Bangas! Claudinha, todo o meu carinho!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007





"Estrelas mudam de lugar!
Chegam mais perto só pra ver
e ainda brilham de manhã,
depois do nosso anoitecer...!



Faça chuva ou faça chuva,
elas vêem estrelas!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Os LUTOs!


"Luto" pelo que morreu, pelos que mataram e pelo povo como estamos.
NÃO SOMOS CULPADOS
mas, muito mais passivos do q pacifistas,
voltando a falar da PENA DE MORTE ou PERPÉTUA numa ira imediatista,

ignorando o estado dos presídios desse país entre outras muitas negligências absurdas.
A MAIORIA de nós, pouco falaria se as atrocidades não estivessem nas primeiras páginas dos jornais.
"Luto" também por nós que não organizamos nossas agendas fora do dia das tragédias, reinvidicando melhorias EM TUDO: EDUCAÇÃO, ALIMENTAÇÃO,DESEMPREGO... CIDADANIA!
Menininhas continuam sendo vendidas pelos pais para a prostituição e (ou) para alimentar os irmãos.
Homens escravizados nas mãos dos fazendeiros continuam lá, ali, espalhados por nossas terras, entre outras.
Mulheres espancadas, humilhadas.
Homens com medo do "poder" das mulheres de tailler ou das loucas faladouras, se tornam arredios.
E elas também, quando não, repetindo o que tanto abominaram.
Filhos criados como Tamagoshis.
Outros sem o privilégio de chamarem alguém de mãe, de pai, elegem como proteção familiar as armas que apertam nos braços doadas pelas mãos dos "tios".
Homosexualismo ainda é "fofoca" interessante nas várias rodas de hipocrisia.
Antes falássemos de bananas!
Estamos vivendo na banalização de tudo!
Estamos em LUTO cego e sem LUTA há muito tempo.
NÃO SOMOS CULPADOS!
SOMOS MANIPULADOS COM IMENSA POTÊNCIA!
Ignoramos no micro e no macro a nossa FORÇA de união, compaixão e de conquista!!
Muitos de nós, bem educados, matamos de perto e a distância nossos desejos de paz.
As gravatas continuam blindadas e nós, vendo a morte de vizinhos, anônimos, índios, crianças e dos nossos instintos missigenados.
É mais um dia de LUTO e quiçá, de LUTA pela DIGNIDADE COLETIVA! Haverá sempre uma utopia! Uma chance!
A agulha de anestésico aplicada no coração dos que mataram esta criança, está muito próxima das nossas veias e artérias.
Não podemos deixar de LUTAR, NO LUTO por um congresso que debata e estude com seriedade as nossas opinões, idéias, ações pensadas contra a miséria geral desse país.
LUTEMOS, NOs DIAs "LUTOs"
da forma que pudermos. Pensando no que podemos fazer, como unir-nos não só na dança dos ritos sem causa.
Assassinos de todos os tipos, não faltam por aqui.
NÃO SOMOS CULPADOS.
Estamos chapados demais!

Os LUTOs - A LUTA!

domingo, fevereiro 11, 2007


Havia um silêncio mentiroso em mim.
Um silêncio lotado de sons zombeteiros
com os quais não soube brincar.


Do silêncio,
quero o silêncio como me ensinaram que seria,
silêncio!




E eram muitos os sons!
Vozes sem corpos,

timbres alheios transbordando
o meu imaginário numa
zueira infernal.





Agora
estão calando.

O cansaço,
a exaustão
me levam de volta ao meu avesso.
Espaço de dobraduras onde
em algum canto encontro,
sem as explicações que tanto procurava,

um pouco de paz.


imagem de Marcus Vinícios

quinta-feira, fevereiro 08, 2007




Amigos
Nao tenho palavras, nem desenhos, musica ou qualquer coisa para expressar o que eu senti com a Barbarie ocorrida no Rio ontem a noite, da qual ficamos sabendo hoje. Uma revolta, raiva, indignação e tristeza sem fim.....Poderia dizer que equivale a um 11 de setembro, a uma bomba de Hiroshima, a guerra do Iraque etc etc etc, mas quanto vale mesmo uma única vida? Especialmente a de uma criança arrastada por um carro de forma tão banal!

Alguns podem descordar mas a única coisa que pensei é que estamos sós (SOS)....nenhum Deus, ET's, vidas inteligentes de outro lugar qualquer ou auto ajuda particular irão nos salvar. Cabe a esta raça, algum dia, se é que ele vira, decidir mudar esta realidade horrivel que vivemos,em conjunto. E não somente permamecer no planeta, mas vivermos todos (os 6bi) com mais dignidade.
Mas sinceramente, hoje eu senti algo como "raça em seu fim".

escrito por Gito





Em alguns lugares a poesia,
noutros a nevralgia.
Maristela Trindade




Ontem, apanhei.

Hoje, apanhando
flores.

Meu gato comeu minha rata. Viva meu tigre!

Meu gato comeu minha rata e
levo acima dos ombros,
o olhar danado do meu tigre.
Estou indo para
passárgada!

Minha antropofagia chora
os minutos que Oxúm
pede,
depois, "Ogúm, canta para Ogúm!"

A carne putrefada de alguns
que comeram os urubus,
não estão mais em mim.
Moram na lingua dos homens
que ainda pensam ouvir,
mas são surdos e falam demais!

Meu gato guardou o melhor do rato!
Me cuido pois, o santo é de barro!
Como dizia Paul Valéry,
"Não tenho desprezo pelos homens.
Bem ao contrário. Mas pelo homem.
Este animal que eu não teria inventado."

segunda-feira, fevereiro 05, 2007


Esse menino-homem tá me provocando!
Tá abrindo os meus olhos com seu jeito,
sua maturação, anseios inesperados e
muita determinação.

Esse menino-homem não chora à toa,
não faz da vida uma garôa pois é solar!
É pássaro que mesmo no chão,

voa como um jato para a imensidão.

Gentil, me deixa leves signos de que
voltará sempre a casa, senhora na terra.
Encantada, eu digo sem me amedrontar:
- Vai! Vai com a luz, meu filho que
Voar é o teu estar.

domingo, fevereiro 04, 2007

O massacre de Focault

"Um livro é um animal vivo."
Aristóteles


Sair!!
Ficar!
REINVENTAR!
Eu não passo despercebida mesmo quando tento.
Não sou o sol mas sou da luz clara!

Luz que às vezes maltrata os olhos alheios.

O controle quebrou.
Quebrou, fudeu!
Razão social: culpada.
Ladra de luzes!
Perdida,
na escuridão ofuscada!

Não sofra Foucault pela micro-física
do poder que contamina continuamente.

Julgamentos!

Digo que entendo a insuportabilidade e a atração
que provoco.
Mas
não saio sem abrir as pálpebras feridas e
dilatar
as mentiras dos que não se dizem
meus parceiros: são ladrões!


Como eu, roubam sem querer roubar
as luzes das almas e,
as devolvem em arte ou enfarte.
Nos achamos banhados na boa vontade.

Meu controle quebrou mas guardo uma
certa ética que aprendi com os mais
experientes:
saber-se ladrão é buscar a clara escuridão.
Ignorar, é tropeçar na sombra da falsa luz.

Sair! Ficar!
Reinventar!
Vocês que ficam na consciência do que representam,
apaguem as luzes em silêncio,

segurem o espelho em frente a face
na coragem de ser o que são e,

cuidado: todo controle quebra podendo
o martelo da "justiça", prazeirozamente,
te triturar na escuridão.