quinta-feira, março 01, 2007

BANANAS

Me aperta no peito ver as bananeiras morrerem por descaso,
fruto do amor colonizado e vingativo deixado pelas NAUS
sem bússulas nessa terra.
Para tal, é preciso reaprender a amar e
DESARMAR!
Tantos tipos de armas espalhadas!
Amor-faca, amor em castas diluídas nos pandeiros,
como uma banana mal comida, com carne e casca apodrecendo no chão.
Nossa abundância rejeitada!

Mas pra que serve a culpa costumeira, que de criativa e revolucionária nada tem?
O operário da arte vê.
Não se satisfaz no prazer estético final e segue jogando sua alma em movimento nas obras que compõem.
Ele vê o mundo por necessidade de ser transformado, transformador e transformação.
ELE COME BANANA.

Vê o abandono da planta e das gentes em cada esquina com o mesmo ímpeto com que atenta para o inesperado do mar e se remexe,
se complica e se aplica em trabalhar no grito do silêncio que pode vir a ser palavra, ou não.
Aperta nele a insitência de querer se relacionar, mesmo sem saber o "como dizer"
Compartilhar bananas!

O amor não reciclado, seca.
A ferida seca. Os olhos secam. Secam alguns vivos em suas razões congeladas.
Mas antes da inevitável morte, saltam aos olhos o humano e o desumano nas labirínticas ruas cheias de crianças assassinas,
cheiradas, mal amadas, não educadas, de pais espancadores,
desempregados,
machismos femininos e masculinos, jovens putas sem opção,
votação para a pena de morte e presídios como referência para a criação
da nova marginalidade.

A visão desse operário anda colada na carne, esbarrando nas insistentes microfísicas de poder, com martelo em riste. Os "...podres poderes"
Estão por aí os juízes da inquisição, limpando as ruas seja pelo Pan, seja pela prática mórbida de caçar bruxos entre aqueles que conseguem viver de lixo, plantas, restos de BANANAS e outros calangos.
Sobrevivência, amor e arte.

Pseudos de todos os tipos com tapa-olhos de avião, tirem os tampões!
É indecente ver banabeiras morrerem e transformarem esse país numa terra sem opção que
não dá educação,
não dá educação,
não dá educação para as nossas crianças !

Tenho cortes internos que gosto por serem meus.
Me ferem como ferem todas as feridas.
Eu os curo com BANANAS.
Muitas bananas.
Nossa abundância.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Parabéns pelo blog, escreve muito bem.

3:25 PM  
Blogger Maristela Trin said...

eduardo,
você me fez organizar o texto, sempre escrito nas madrugads e nos impulsos da lua. Erro um monte! E eu, nem tenho como te agradecer!
Seja lá quem...
obrigada

5:51 AM  
Blogger Marfiza de França said...

Moça! Que bom que vc. me mostrou o texto. Adorei!
Assim como vc. nas madrugadas insones, desato a desabafar minha impotência diante do desamor humano! E Mr. da Távola (em sua sabedoria que só o tempo traz), também me inspira cotidianamente. Acho que é amor que ele prega... mas apesar do amor, haja banana pra curar os cortes!
Adorei o texto. Super bjo.

11:44 AM  

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