domingo, junho 07, 2020

Canta
Canta logo pois a noite é vinda e eu não quero sozinha procurar os sons.
Garrafas quebradas jogadas na trilha sempre me cortam e eu até gostava.
Não mais.


Rompe
Rompe os limites e ousa rasgar meu avesso mas não fale meu nome nem o escreva no seu diário dourado. Inventa-me como as outras.
Sou amiga do vento


Rasga
Rasga o vestido preto desgastado pela economia no preço barato da sedução. Meu corpo antigo nu, amolece nos giros e assim segue por noites.
No sol, dormir

Amolece
Amolece minhas travas deslizando na ferrugem, sem quebrar. Muda a marcha e me leva adiante. Se no caminho eu não te quiser mais, direi não e ainda assim será bom.
Muito bom.


Trava
Trava essa honestidade convincente e as mentiras que terás que inventar e tira rápido os meus sapatos bonitos enquanto dirige. Me beija o pescoço, faça o impossível.
I need some satisfaction!


Inventa
Inventa uma estrada que nunca existirá e se arrisque sem falas alongadas. Quero as músicas arranhando no refrão, sem medo de ser ou não ser aquela que nunca soubemos de cor.
Solfejar


Arrisque
Arrisque, arranhe e chega. De todos os blefes o mais confortável sempre foi o de ser anônima, sem nenhum corpo na minha assinatura, apesar dos rastros.
Você nunca existiu e eu não existo.
Então me leva,
Apenas hoje



Pedras Palavras



Escrevo Pedras
Pedras palavras
Pontiagudas 
me encontram acústica

Escrevo duro fazendo barulho

Provoco sons e silêncios
com escrita dura e ar
Escrevo e jogo 
As vezes aguardo o som riscado no destino 

A voo e a queda
levam a força do meu corpo  
que em segundos podem 
me desaparecer

Ouço furar os rios, mares
O estilhaço das folhas secas,  
o encontro dramático com 
outra pedra

As faço rasgar o tempo,
as ilusões

Você escreve poemas
Eu escrevo pedras 
Na maioria das vezes,
ilegíveis letras
esculpidas no bruto das sensações

Me faço pedra, calcário e falo
Um pedaço de tonteira na beira do rio

que por vezes rolando, para em pé
como um grito,
como um pena.

Com pedras se pode brincar
Com pedras se pode cantar
Silenciar num grito 
palavras construídas com
meu líquido antigo

Com o barro, 
cato o construo que sinto e faço
São o que são as pedras 
Pedraspalavras
que escrevo por mim,
para ti e partir