sábado, outubro 28, 2006

Pólo Náufraga


Amore,
noite de náufraga cravada com o chicote da tempestade que parece, ninguém viu ou sentiu chegar.
Algum deslizamento no Pólo Norte provocou o desmanchar de tudo que era coisa em mim.

Assim, tive
que construir uma indesejada canoa, indo contra o maremoto que me inundava. Não fui eu que causei. Não haveria eu de ser a redentora, mas, cá estou voltando aos poucos para terra, e exausta de repetir voltar mas guardo em mim o saber que daqui a dois dias, estarei plena de um sorrir sem memória.
As águas param em movimento.
Ainda não cheguei em rua nenhuma, cafeteria alguma, tão pouco carioca à beira mar.
Quando voltar, eu sei, o cansaço durará o tempo dos afazeres, e eu virando-latas novamente, terei uma única certeza: que enquanto eu morria, um casal fazia amor com o cheiro das salinas.
Um ao menos, eu sei, no
Atlântico Pacífico.

letras ao amado Robson Leite