sexta-feira, outubro 27, 2006

Emburacada na tua face

Emburacada na tua face


Um Poema de Amor


todas as mulheres
todos os beijos delas as
formas variadas como amam e
falam e carecem.

suas orelhas elas todas têm
orelhas e
gargantas e vestidos
e sapatos e
automóveis e ex-
maridos.

principalmente
as mulheres são muito
quentes elas me lembram a
torrada amanteigada com a manteiga
derretida
nela.

há uma aparência
no olho: elas foram
tomadas, foram
enganadas. não sei mesmo o que
fazer por
elas.

sou
um bom cozinheiro, um bom
ouvinte
mas nunca aprendi a
dançar - eu estava ocupado
com coisas maiores.

mas gostei das camas variadas
lá delas
fumar um cigarro
olhando pro teto. não fui nocivo nem
desonesto. só um
aprendiz.

sei que todas têm pés e cruzam
descalças pelo assoalho
enquanto observo suas tímidas bundas na
penumbra. sei que gostam de mim algumas até
me amam
mas eu amo só umas
poucas.

algumas me dão laranjas e pílulas de vitaminas;
outras falam mansamente da
infância e pais e
paisagens; algumas são quase
malucas mas nenhuma delas é
desprovida de sentido; algumas amam
bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre
são as melhores em
outras coisas; todas têm limites como eu tenho
limites e nos aprendemos
rapidamente.

todas as mulheres todas as
mulheres todos os
quartos de dormir
os tapetes as
fotos as
cortinas, tudo mais ou menos
como uma igreja só
raramente se ouve
uma risada.

essas orelhas esses
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto e a
carência me
sustentaram, me
sustentaram.

poema de Charles Bukowski



Eu queria passar um tempo nessa cara esburacada sendo o ouvido e os teus sons vividos.
Às vezes eu não erro. Destruo.
Tá aí o tempo-silêncio dizendo que nada vou conseguir consertar.
Faço xixi na rua quando louca ou quando apertada
e aprendi a levantar o queixo grande apesar de me ver toda errada.
Uma errata.
Prefiro a empáfia e o comedimento de saber que fiz, por falas alheias ou pela consciência atrazada do q não fazer.
Chove nas ruas a moral dos outros, o mundo dos outros, a mentira dos outros e
eu quero sol.
Às vezes da vontade de criar vacas prá ficar levinha mas não vou.
Se eu sou a que devo idoniedade a mim,
sou também a que tem que entender que sim.
Sim: faço muita merda e voce vê.
Faço uma inesquecível deixando os vestígios
e as marcas disso tudo
sou eu mesma.
Levanto novamente o queixo camuflando arrependimento, sigo em frente, de um lado, do outro lado e vou ouvindo Tom Waits, Lou Reed, Billie, batuques muitos e pronto.
Se a bebida me deflagra rancores, pudores, recalques,
que eles saiam de mim sambando.
Eu também não desejei nenhum dos tapas na cara que levei ou dei.
Sou som e dança.
Prá que fingir o TAO de ser felíz?

Buk, voce não teria nada com isso se não fosse os
buraquinhos na cara dos teus poemas onde eu quero passar as férias.


1 Comments:

Blogger maltrapilho said...

"Se a bebida me deflagra rancores, pudores, recalques,
que eles saiam de mim sambando."

Faço de suas palavras as minhas, e sem dúvida nenhuma poderiam ser as do próprio Buk... Um homem que não perde tempo com lamentaçãoes. E embora pareça uma contradição, faço das dele: "nunca aprendi a
dançar - eu estava ocupado
com coisas maiores.", as minhas também. Pois o bom sambista, o bom dançarino, é aquele que remexe sem sair do lugar, e ri com escárnio quando algum metido a bamba escorrega...

Passei correndo por aqui e gostei do que vi, sinal que volto em breve! Quando quiser passar no meu, é só chegar...

bjão!!!

12:15 PM  

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