domingo, novembro 12, 2006

Num bar da São Clemente


Ele sentado no balcão do bar,
sente o cheiro da rima do adentro da calcinha dela.
Ela,
rima de pudor, guarda na pequena sainha as histórias que estão por vir.
Bela!
Prá ela muito já se escreveu do ponto do ônibus até a escola.
Ele não desiste e segue seu cheiro - quando o ônibus é o mesmo, é claro!
Guarda as "Mortalhas da luxúria" de bicho novo e vivido e se faz bonito, tranquilo no olhar - o homem vai atacar!
Ele é bonito. Ela também.
Ele é poeta. Ela é motivo.
Ela,
um pequeno milho de pipoca ainda fora da panela que ele transformará em suculento jantar para dois.
Ela,
passará do amarelo ao branco explodido, com face e cabelos disformes estourando de prazer enquanto ele
come seu prato preferido.
Surpreza é bom em qualquer lugar, principalmente perto do fogo.
Amanhã, de novo não.
Ela vai passar ao longe e procurá-lo e ele estará num outro compromisso obceno, sem a sainha da menina por perto.
Essa Rua São Clemente, tem lá os mistérios da gente.
É cheia de bares para olhar os olhares que vem dos outros bares.
E a vida vai ganhando excitante distorção nas garrafas de cerveja que espelha os espiões.
Bons momentos para ataques diurnos!

Para "Registrado", com toda sua tranquila vontade de viver intensamente cerveja.