terça-feira, dezembro 05, 2006


Vi abaixo dos teus olhos bolsas esbugalhadas, peso dos cacos.
Cacos da mente, cacos do corpo, cacos desamor, cacos solidão,
cacos de um intelecto hiper-tudo para o qual o imediato é mortal.

Vi as dores antigas, a morte sorrindo, todos os vícios...
Vi tanta coisa que me causou ternura. Voce está Vivo!
Sua pele insistindo em sorrir musicando sonhos, nem pensei! Fui sentir a textura de toda essa balburdia macia e branca.
Trupicamos nos desencontros.
Seu tempo tem os ponteiros da noite dos gatos, voltando dias depois já sem nome
para a casa dos teus sentidos.

Nada quis salvar, redimir, transformar... Nada trouxe que não fosse um brinde.
É assim que o mundo ganha novos toques! Mas voce...
Voce não volta mais...e eu....
eu não vou!

Ficam os olhos, os alhos, os bugalhos, teus escritos, tua vóz gutural, tuas músicas tuas críticas mordazes, as bolsas oculares me deixando ver o mundo com um pouco do teu olhar. Os cacos que te fazem voce.
O chão está cheio de cacos.

escultura de Ivens Machado